11 outubro 2012

Indecisão

  Nunca será fácil decidir alguma coisa. Ainda mais quando a decisão se trata do seu próprio futuro.

  Agora se trata do típico dilema: Qual caminho devo seguir?

 Oras, como seria bom se fosse tudo fácil e muito menos confuso...

 De repente você acha gostar de uma coisa ou alguém, mas aí acaba notando que não era bem aquilo que imaginava. Sim, isso pode acontecer.

 Mas e se eu decidisse mudar de planos? Mudar de rumo? Será que eu trairia todos aqueles sentimentos que eu tinha antes? Será que eu deixaria de gostar daquilo que tanto amei?

 Acho que poderei olhar por outro ponto de vista.

 Se eu mudasse, talvez não significaria que eu iria deixar de gostar de animais, da natureza, etc...Muito pelo contrário!

 Existem certas coisas em que nunca deixaremos de amar.

 Eu poderia apenas mudar o caminho, mas continuaria sendo eu mesma. Sim, eu nunca deixaria de ser quem sou. Nunca deixaria meus ideais de lado. Não mesmo!

Um tempo atrás escrevi um texto sobre desistir... Se eu mudasse, seria como se eu estivesse desistindo?

Mas e se fosse para melhor? 

 Eu adoro animais... Mas acabei me dando conta, de que admiro e muito a Justiça.

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
Que já têm a forma do nosso corpo ...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
mesmos lugares ...

É o tempo da travessia ...
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...
À margem de nós mesmos..."

Fernando Pessoa


Eu não sou ninguém, sou apenas indecisa....Será?

Até a próxima! =D

01 outubro 2012

De Tolkien!


"Muitos que vivem merecem a morte. E alguns que morrem merecem viver. Você pode dar-lhes a vida? Então não seja tão ávido para julgar e condenar alguém à morte. Pois mesmo os muito sábios não conseguem ver os dois lados."

Gandalf - O Senhor dos Anéis

12 setembro 2012

Lembrança


“Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a este artifício conseguimos suportar o passado.”
Gabriel Garcia Marquez

- Vamos Belle, é só um patinho.
-Tenho medo mamãe!
A pequena garotinha vestia um vestido rodado com várias flores rosa estampadas. Sua sapatilha branca estava um pouco suja de terra. Ela se segurava na saia de sua mãe enquanto olhava nervosa para o pato que estava quase na beira do pequeno lago do parque.
-Vai Aninha, ele não irá morder você.
Um homem de aparência jovial falava a uns dois metros de distância da mãe e da filha. Ele segurava uma antiga máquina fotográfica preta. Seus olhos castanhos e seu cabelo negro lembravam muito Anabelle. Todos diziam que ela era a cara do pai.
-Tudo bem Belle.
Sua mãe sorridente, de cabelos castanhos claros e levemente encaracolados dizia enquanto acariciava os cabelos da pequena garotinha.
-Eu jogo a ração para o patinho.
A jovem mulher jogou no lago a ração. Mãe e filha admiravam o pato que rapidamente pegava o alimento com o bico.
-Já que você não quis tirar uma foto com o patinho, que tal uma foto de nós duas?
Anabelle sorria de alegria. As duas se viraram para o pai da menina.
-Pronto Carlos, agora você pode bancar o fotógrafo.
A mulher sorria para o marido. Era notório o olhar dos dois de apaixonados.
-Digam “xis”!
-“Xis”!
As duas falaram em coro. A máquina fotográfica fez o barulho indicando que a foto acabara de ser batida.
-Papai, tira uma foto com a gente!
A garotinha chamava seu pai. Suas bochechas rosadas e um sorriso no rosto que mostrava uma pequena “janelinha” nos dentes acabaram forçando Carlos a ceder o pedido da filha. Ele então pediu a um casal de pedestres que passavam naquele momento que tirassem uma foto da família. O homem com um ar de simpatia, respondeu que sim e caridoso fotografou pai, mãe e filha, sorridentes, perto do lago.

                                                - Libélula

10 setembro 2012

A Carta de Um Viajante

Fotografia de: Desconhecido

        " Você deve estar se perguntando agora: " Quem é o dono de tal bilhete deixado nesse velho banco de praça?"
           Pois bem, irei responder à sua curiosidade. Sou um velho viajante que durante muitos anos procurou sua morada, mas que nunca a achara. Por favor, não tenha pena de mim. Prefiro que me ache um tolo. Sim, sou um tolo, um tolo pensador que vaga por todo esse mundo, querendo conhecer pessoas diferentes a fim de encontrar minha própria alma.
           Eu lhe respondo de antemão, ainda não a achei. Não neste mundo.  
         Sei que agora que já sabe, ou ao menos tem certa idéia de quem sou, esteja se perguntando o motivo desse bilhete. Oras caro leitor! Por acaso o poeta tem um motivo certo e exato de escrever uma poesia? Ou um escritor teria um motivo - repito -certo e exato de escrever uma bela obra teatral?
         Não! Não quero que me compare a um poeta.  Na realidade, eu não passo de um mero viajante que resolvera escrever um bilhete. Sim, este bilhete está virando uma carta, de fato. Mas eu queria partir já sabendo antecipadamente que alguém o leria. Principalmente alguém que eu não conhecesse.
         Esse mundo me dera tantas alegrias, tantas tristezas e tantas dores... Eu temia em deixá-lo.
        Mas agora que estou prestes a partir vejo que fiz o suficiente. Sim, eu já sei onde está minha alma e estou prestes a ir de encontro com ela.
        Espero que sua vida tenha sido tão intensa quanto a minha. Se não foi, não importa qual seja a sua idade, faça! Com certeza você estará bem melhor depois que o fizer.
        Já estou atrasado. Por favor, jogue essa carta/bilhete no lixo. Eu ficaria grato se soubesse que você, meu caro leitor anônimo, foi o último com quem eu falei."

          Então, o leitor amassou o bilhete e o jogou na lixeira ao lado do velho banco da praça. Em toda sua vida, ele nunca mais se lembrou do papel que encontrara.

                                                                                 -Libélula 


Um texto pensado e escrito dentro de uma biblioteca. Sim, uma das moradias da inspiração!



05 setembro 2012

O Garoto


     O garoto de rua passava pelas lojas olhando os mais variados artefatos que eram vendidos. Seus pés descalços e sujos já estavam acostumados a andar, não se cansavam tão facilmente. Não mais.
       
     A calçada estava congestionada de gente, mas a presença do garoto era imperceptível. Ele era invisível. Ao menos era isso que os pedestres queriam acreditar. Não queriam vê-lo. Não queriam notá-lo. Não era bom notar uma criança descalça e mal vestida andando pela rua sozinha, sem rumo.
     
    O garoto contava o pouco dinheiro que até então havia conseguindo pedindo esmolas. A sinfonia das moedas em suas mãos foram então substituídas por uma bela melodia que adentrava os ouvidos do pequeno menino. Não foi difícil para ele sentir aquela melodia. Ela entrou em seu coração tão rápido como a flecha de um cupido que atinge os corações de casais apaixonados. 
   
     Na medida em que o garoto caminhava o som parecia ser mais alto e muito mais bonito e envolvente.
   
     Foi então que ele olhou na vitrine de uma loja de eletrodomésticos. Uma grande TV de plasma transmitia as imagens de um concerto de música clássica. Os olhos do garoto brilhavam mais do que a tela da moderna televisão. Ele estava ouvindo a mais bela sinfonia que já ouvira em toda a sua vida.
    
    Ele regia, ele tocava o violino, tocava o piano, tocava a tão bela música que escutava com tanto prazer.
  
    O garoto então já não era mais um garoto. Agora ele estava à frente de uma orquestra, regendo a sinfonia de sua vida.
  
   Agora ele não era mais invisível.
  
   Agora todas as pessoas o viam.
  
  Agora todos o aplaudiam de pé.
                                                             -Libélula

04 setembro 2012

Libélula Gostou: A Garota de Rosa-Shocking

    Sabe quando você está a fim de ver um filme "bobo" apenas para descontrair?    

    A Garota de Rosa-Shocking é  um ótimo filme para essas situações. Excelente para pessoas que assim como eu, adoram esses romances da década de 80.
 
    A personagem principal é Andy (Molly Rindwald), uma garota pobre que estuda em um colégio de ricos, um típico filme de romance adolescente da década de 80. Ela está a procura de um romance com um lindo garoto do colégio que a leve para o baile da escola.
 
   Meu personagem preferido nesse filme e o que mais se destacou é o melhor amigo de Andy, "Duckie", interpretado pelo ator Jon Cryer. Sim, aquele do "Two and a Half Man".
 
   Vale a pena conferir. É um filme leve, engraçado, um pouco dramático e romântico!


Título Original: Pretty in Pink
Ano de Produção: 1986
Direção: Howard Deutch
Gênero: Comédia dramática, Romance.
Nacionalidade: EUA





03 setembro 2012

E se...

 E se as pessoas aceitassem as diferenças uma das outras?
 E se os seres humanos finalmente respeitassem a natureza?
 E se precisássemos de pouca coisa para sermos felizes?
 E se o "se" não existisse e realmente tudo fosse assim?

 Isso só dependerá de cada um. De mim, de você, de todos nós.

 Sim, nós podemos ser melhores! Com muita fé em Deus e paz no coração, tudo dará certo!


Eu não sou ninguém, sou Apenas a Libélula.
Até a próxima! =D

Animais


      "Podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os animais."
                                         Immanuel Kant





30 agosto 2012

Música


"Se a música é o alimento do amor não parem de tocar. Deem-me música em excesso; tanta que, depois de saciar, mate de náusea o apetite."

                                                          William Shakespeare



Coisas da Madrugada...

 Já passou da uma hora da madrugada. Sim, já está tarde. Mesmo assim tive que escrever.

 É assim que funciona comigo. Quando bate aquela vontade louca de escrever, tenho que parar tudo (até mesmo o sono) e escrever.

 Escrever algo importante ou algo extremamente inútil.

 Escrevo nesse blog como se estivesse escrevendo em meu diário. Aliás, aqui não passa de um diário. É digital e público, eu sei, mas ainda é um diário - afinal, ninguém o lê!

   Parei pra pensar nas pessoas que vão aparecendo ao longo de nossas vidas.

  Tem aquelas que conhecemos, fazemos amizades e nunca mais esquecemos.

 Tem outras que conhecemos, fazemos amizades e esquecemos.

 Outras ainda, conhecemos, fazemos amizades, esquecemos e voltamos a lembrar delas.

 É um vai e vem de gente. Algumas são despercebidas. Outras ficam por um certo tempo e vão embora. Poucas ficam para sempre.

  As que ficam para sempre geralmente são pessoas que conhecemos ora de situações extremamente comuns, ora em situações diferentes e inusitadas.


  Podemos conhecer no colégio, na praça, na rua, em um velório ou em uma comunidade qualquer no orkut. ou Facebook...

 Conhecemos pessoas jogando um joguinho aparentemente bobo que se encontra na internet.
 Conhecemos pessoas quando estamos de bobeira falando sobre o seriado "Chaves".
 Conhecemos pessoas pedindo um livro qualquer emprestado.
 Conhecemos pessoas quando tropeçamos no meio da calçada...

 E sim... Pode ser por motivos bobos, mas de certa forma, essas pessoas acabam fazendo parte da sua vida. Acabam sabendo um pouco de você.

É...Isso é bom! É bom saber que outras pessoas se importam.

É bom saber que existe alguém que aparece ao menos para dizer um "Oi" ou um "Tchau" (nem que seja escrito de forma errada).

 É... isso é muito bom!

Eu não sou ninguém, sou apenas um inseto que vaga na madrugada.
Até a próxima! Zuuuum

P.s.: Nesse texto a palavra escrever foi usada 6 vezes...Quer dizer, 7 contando agora.



29 agosto 2012

Um pouco de poesia


Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor? 

           Luís Vaz de Camões

28 agosto 2012

Da série: Acontece...

 Você recebe um convite para ir a uma festa de aniversário.

  Passa um bom tempo, e você acaba se esquecendo de ir. Não compra sequer o presente.

  Depois você encontra o aniversariante:

 - Ah, desculpa por eu não ir a tua festa, tive uns probleminhas! (desculpa mais do que esfarrapada)

- Tudo bem, fique tranquila! - Diz o aniversariante.
 Então, para disfarçar, você ainda continua:

 - Eu não fui mas comprei o teu presente, pode deixar que depois eu levo ele pra você!


   Então, você compra o presente.

 E o entrega no próximo aniversário.

 Pra variar, o presente é uma camiseta que não é do tamanho do aniversariante.

É.... Isso acontece!

Eu não sou ninguém, sou Apenas a Libélula.
Até a próxima! =D

27 agosto 2012

Diferenças...

 As pessoas são diferentes uma das outras. Óbvio!

 A partir daí, comecei a pensar nessa questão.

 Reparei que nós acabamos tendo o costume de querer que as outras pessoas gostem das mesmas coisas que a gente.

 Todo mundo tem que gostar das mesmas músicas que gostamos, das mesmas roupas, dos mesmos filmes, dos mesmos programas de televisão, e assim vai....

 Epa!

 Por que será que temos esse costume?

 É claro que estou me incluindo nisso!

 Tudo que sabemos fazer é criticar, criticar e criticar. Okay! Tá certo, podemos criticar o quanto quisermos (isso é liberdade de expressão). Mas porque não podemos aceitar os gostos de cada um?

Por que não aceitamos que alguém goste de ouvir um "pancadão carioca" ou a 5ª Sinfonia de Beethoven?

Por que?

 O mundo é feito de diferenças, cada um tem o seu jeito, seu modo de falar, de escrever...

 Claro que temos limites, isso é obvio. Além do mais, liberdade sem limites, não é liberdade!

 Mas podíamos parar pra pensar - nem que seja por dez minutinhos - e esquecer todas essas diferenças que existem entre nós, simples seres humanos.

 Seria muito, mas muito chato, se fossemos todos iguais (vestindo as mesmas roupas, tendo o mesmo penteado de cabelo...).

   Tudo que eu, você e nós temos que aprender, é saber lidar com todo esse "balaio de gato" e respeitar cada um!

  É algo simples. Confesso que ainda estou começando a exercitar isso.

  Nós temos todo o direito de gostar ou deixar de gostar de certas coisas. Temos também, o dever de aceitar as diferenças que existem à nossa volta.

P.S.: Até o presente momento, Libélula não usou de suas incríveis habilidades WORD para corrigir eventuais erros gramaticais no texto acima.  Portanto, caso ache algum erro, respeite ou não.

Eu não sou ninguém, sou Apenas Diferente!
Até a próxima! =D

26 agosto 2012

Lembranças - 1

Rupert, o Urso.

Era um desenho bem "cuti cuti" de se ver.

Rupert nunca tirava seu cachecol.


Lembro-me de um episódio em que ele reclamava do calor que estava sentindo... Mas tirar o cachecol que é bom, nada!




 Lembranças boas da infância!

25 agosto 2012

Solidão...

                                           E quando achamos que tudo está acabado, 
                                                que as árvores não dão mais frutos, 
                                                     que a água do poço secou 
                                                          e que a unha encravou, 
                                         sempre aparece alguém para lhe dizer:

                                - Ei! Não chore, eu estou aqui e vim pra te fazer feliz!



       Eu não sou ninguém, sou Apenas a Libélula.

       O mundo é cruel, mas você não! Acredite!
                                                    

21 agosto 2012

Será que o sonho acabou?

   Pensamos, às vezes, que não restou um só dragão.

   Não há mais qualquer bravo cavaleiro, nem uma única princesa a passear por florestas encantadas.

    Pensamos, às vezes, que a nossa era está além das fronteiras, além das aventuras. Que o destino já passou do horizonte e se foram para sempre as ilusões.

    É um prazer estar enganado.

    Princesas e cavaleiros, encantamentos e dragões, mistério e aventura... ainda existem, aqui e agora, basta abrir os olhos da alma...

    Em nosso século, só mudaram de roupagem.
    
    Dentro de cada um de nós existe ainda a princesa, existe o cavaleiro;

   Todos queremos ser amados, todos queremos ser felizes.

   No entanto as aparências se tornaram tão insidiosas que as princesas e cavaleiros podem se esconder uns dos outros, podem se esconder até de si mesmos.

    Contudo, os mestres da realidade ainda nos encontram, em sonhos, para nos dizerem que nunca perdemos o escudo de que precisamos contra os dragões; que uma descarga de fogo azul nos envolve agora, a fim de que possamos mudar o mundo como desejarmos.

A intuição sussurra a verdade!
Não somos poeira, somos magia!
Feche os olhos e siga sua intuição.


                                   - Richard Bach

17 agosto 2012

Poetas

"Poetas não escrevem palavras bonitas. Poetas fazem as palavras serem bonitas quando estas,conseguem tocar o coração."             
                          -   Libélula.

The Piano



"Comptine d'un autre été: l'après midi"
Compositor: Yann Tiersen 

16 agosto 2012

Sonhos!



                         Nunca desista de um sonho!

                    Se não encontrar em uma padaria, tente em outra!



Eu não sou ninguém, sou Apenas a Libélula.
 Até a próxima =D

15 agosto 2012

Conto: O Rouxinol e a Rosa

                                                                                                             Oscar Wilde

  "Ela disse que dançaria comigo se eu lhe trouxesse rosas vermelhas", exclamou o jovem Estudante, "mas em todo o meu jardim não há nenhuma rosa vermelha."

 Do seu ninho no alto da azinheira, o Rouxinol o ouviu, e olhou por entre as folhas, e ficou a pensar.

  "Não há nenhuma rosa vermelha em todo o meu jardim!", exclamou ele, e seus lindos olhos encheram-se de lágrimas. "Ah, nossa felicidade depende de coisas tão pequenas! Já li tudo que escreveram os sábios, conheço todos os segredos da filosofia, e no entanto por falta de uma rosa vermelha minha vida infeliz."

"Finalmente, eis um que ama de verdade", disse o Rouxinol. "Noite após noite eu o tenho cantado, muito embora não o conhecesse: noite após noite tenho contado sua história para as estrelas, e eis que agora o vejo. Seus cabelos são escuros como a flor do jacinto, e seus lábios são vermelhos como a rosa de seu desejo; porém a paixão transformou-lhe o rosto em marfim pálido, e a cravou-lhe na fronte sua marca."

"Amanhã haverá um baile no palácio do príncipe", murmurou o jovem Estudante, "e minha amada estará entre os convidados. Se eu lhe trouxer uma rosa vermelha, ela há de dançar comigo até o dia raiar. Se lhe trouxer uma rosa vermelha, eu a terei nos meus braços, e ela deitará a cabeça no meu ombro, e sua mão ficará apertada na minha. Porém não há nenhuma rosa vermelha no meu jardim, e por isso ficarei sozinho, e ela passará por mim sem me olhar. Não me dará nenhuma atenção, e meu coração será destroçado."

"Sim, ele ama de verdade", disse o Rouxinol. "Aquilo que eu canto, ele sofre; o que para mim é júbilo, para ele é sofrimento. Sem dúvida, o Amor é uma coisa maravilhosa. É mais precioso do que as esmeraldas, mais caro do que as opalas finas. Nem pérolas nem romãs podem comprá-lo, nem é coisa que se encontre à venda no mercado. Não é possível comprá-lo de comerciante, nem pesá-lo numa balança em troca de ouro".

"Os músicos no balcão", disse o jovem Estudante, "tocarão seus instrumentos de corda, e meu amor dançará ao som da harpa e do violino. Dançará com pés tão leves que nem sequer hão de tocar no chão, e os cortesãos, com seus trajes coloridos, vão cercá-la. Porém comigo ela não dançará, porque não tenho nenhuma rosa vermelha para lhe dar." E jogou-se na grama, cobriu o rosto com as mãos e chorou. 

"Por que chora ele?", indagou um pequeno Lagarto Verde, ao passar correndo com a cauda levantada.

"Sim, por quê?", perguntou uma Borboleta, que esvoaçava em torno de um raio de sol.

"Sim, por quê?", sussurrou uma Margarida, virando-se para sua vizinha, com uma voz suave.

"Ele chora por uma rosa vermelha", disse o Rouxinol.

"Uma rosa vermelha?", exclamaram todos. "Mas que ridículo!" E o pequeno Lagarto, que era um tanto cínico, riu à grande.

Porém o Rouxinol compreendia o segredo da dor do Estudante, e calou-se no alto da azinheira, pensando no mistério do Amor.

De repente ele abriu as asas pardas e levantou vôo. Atravessou o arvoredo como uma sombra, e como uma sombra cruzou o jardim.

No centro do gramado havia uma linda Roseira, e quando a viu o Rouxinol foi até ela, pousando num ramo.

"Dá-me uma rosa vermelha", exclamou ele, "que cantarei meu canto mais belo para ti". 

Porém a Roseira fez que não com a cabeça.

"Minhas rosas são brancas", respondeu ela, "tão brancas quanto a espuma do mar, e mais brancas que a neve das montanhas. Porém procura minha irmã que cresce junto ao velho relógio de sol, e talvez ela possa te dar o que queres."

Assim, o Rouxinol voou até a Roseira que crescia junto ao velho relógio de sol.

"Dá-me uma rosa vermelha", exclamou ele, "que cantarei meu canto mais belo para ti."

Porém a Roseira fez que não com a cabeça.

"Minhas rosas são amarelas", respondeu ela, "amarelas como os cabelos da sereia que está sentada num trono de âmbar, e mais amarelas que o narciso que floresce no prado quando o ceifeiro ainda não veio com sua foice. Porém procura minha irmã que cresce junto à janela do Estudante, e talvez ela possa te dar o que queres."

Assim, o Rouxinol voou até a Roseira que crescia junto à janela do Estudante.

"Dá-me uma rosa vermelha", exclamou ele, "que cantarei meu canto mais belo para ti."

Porém a Roseira fez que não com a cabeça.

"Minhas rosas são vermelhas", respondeu ela, "vermelhas como os pés da pomba, e mais vermelhas que os grandes leques de coral que ficam a abanar na caverna no fundo do oceano. Porém o inverno congelou minhas veias, e o frio queimou meus brotos, e a tempestade quebrou meus galhos, e não darei nenhuma rosa este ano."

"Uma única rosa vermelha é tudo que quero", exclamou o Rouxinol, só uma rosa vermelha! Não há nenhuma maneira de consegui-la?"

"Existe uma maneira", respondeu a Roseira, "mas é tão terrível que não ouso te contar." 

"Conta-me", disse o Rouxinol. "Não tenho medo."

"Se queres uma rosa vermelha", disse a Roseira, "tens de criá-la com tua música ao luar, e tingi-Ia com o sangue de teu coração. Tens de cantar para mim apertando o peito contra um espinho. A noite inteira tens de cantar para mim, até que o espinho perfure teu coração e teu sangue penetre em minhas veias, e se torne meu."

"A Morte é um preço alto a pagar por uma rosa vermelha", exclamou o Rouxinol, "e todos dão muito valor à Vida. É agradável, no bosque verdejante, ver o Sol em sua carruagem de ouro, e a Lua em sua carruagem de madrepérola. Doce é o perfume do pilriteiro, e as belas são as campânulas que se escondem no vale, e as urzes que florescem no morro. Porém o Amor é melhor que a Vida, e o que é o coração de um pássaro comparado com o coração de um homem?"

Assim, ele abriu as asas pardas e levantou vôo. Atravessou o jardim como uma sombra, e como uma sombra voou pelo arvoredo.

O jovem Estudante continuava deitado na grama, onde o Rouxinol o havia deixado, e as lágrimas ainda não haviam secado em seus belos olhos.

"Regozija-te", exclamou o Rouxinol, "regozija-te; terás tua rosa vermelha. Vou criá-la com minha música ao luar, e tingi-la com o sangue do meu coração. Tudo que te peço em troca é que ames de verdade, pois o Amor é mais sábio que a Filosofia, por mais sábia que ela seja, e mais poderoso que o Poder, por mais poderoso que ele seja. Suas asas são da cor do fogo, e tem a cor do fogo seu corpo. Seus lábios são doces como o mel, e seu hálito é como o incenso.

O Estudante levantou os olhos e ficou a escutá-lo, porém não compreendia o que lhe dizia o Rouxinol, pois só conhecia as coisas que estão escritas nos livros.

Mas o Carvalho compreendeu, e entristeceu-se, pois ele gostava muito do pequeno Rouxinol que havia construído um ninho em seus galhos.

"Canta uma última canção para mim", sussurrou ele; "vou sentir-me muito solitário depois que tu partires."

Assim, o Rouxinol cantou para o Carvalho, e sua voz era como água jorrando de uma jarra de prata.

Quando o Rouxinol terminou sua canção, o Estudante levantou-se, tirando do bolso um caderno e um lápis.

"Forma ele tem", disse ele a si próprio, enquanto se afastava, caminhando pelo arvoredo, "isso não se pode negar; mas terá sentimentos? Temo que não. Na verdade, ele é como a maioria dos artistas; só estilo, nenhuma sinceridade. Não seria capaz de sacrificar-se pelos outros. Pensa só na música, e todos sabem que as artes são egoístas. Mesmo assim, devo admitir que há algumas notas belas em sua voz. Pena que nada signifiquem, nem façam nada de bom na prática." E foi para seu quarto, deitou-se em sua pequena enxerga e começou a pensar em seu amor; depois de algum tempo, adormeceu.

E quando a Lua brilhava nos céus, o Rouxinol voou até a Roseira e cravou o peito no espinho. A noite inteira ele cantou apertando o peito contra o espinho, e a Lua, fria e cristalina, inclinou-se para ouvir. A noite inteira ele cantou, e o espinho foi se cravando cada vez mais fundo em seu peito, e o sangue foi-lhe escapando das veias.

Cantou primeiro o nascimento do amor no coração de um rapaz e de uma moça. E no ramo mais alto da Roseira abriu-se uma rosa maravilhosa, pétala após pétala, à medida que canção seguia canção. Pálida era, de início, como a névoa que paira sobre o rio - pálida como os pés da manhã, e prateada como 
as asas da alvorada. Como a sombra de uma rosa num espelho de prata, como a sombra de uma rosa numa poça d' água, tal era a rosa que floresceu no ramo mais alto da Roseira.

Porém a Roseira disse ao Rouxinol que se apertasse com mais força contra o espinho. Aperta-te mais, pequeno Rouxinol", exclamou a Roseira, "senão o dia chegará antes que esteja pronta a rosa."

Assim, o Rouxinol apertou-se com ainda mais força contra o espinho, e seu canto soou mais alto, pois ele cantava o nascimento da paixão na alma de um homem e uma mulher.

E um toque róseo delicado surgiu nas folhas da rosa, tal como o rubor nas faces do noivo quando ele beija os lábios da noiva. Porém o espinho ainda não havia penetrado até seu coração, e assim o coração da rosa permanecia branco, pois só o coração do sangue de um Rouxinol pode tingir de vermelho o coração de uma rosa.

E a Roseira insistia para que o Rouxinol se apertasse com mais força contra o espinho. "Aperta-te mais, pequeno Rouxinol", exclamou a Roseira, "senão o dia chegará antes que esteja pronta a rosa."

Assim, o Rouxinol apertou-se com ainda mais força contra o espinho, e uma feroz pontada de dor atravessou-lhe o corpo. Terrível, terrível era a dor, e mais e mais tremendo era seu canto, pois ele cantava o Amor que é levado à perfeição pela Morte, o Amor que não morre no túmulo.

E a rosa maravilhosa ficou rubra, como a rosa do céu ao alvorecer. Rubra era sua grinalda de pétalas, e rubro como um rubi era seu coração.

Porém a voz do Rouxinol ficava cada vez mais fraca, e suas pequenas asas começaram a se bater, e seus olhos se embaçaram. Mais e mais fraca era sua canção, e ele sentiu algo a lhe sufocar a garganta.

Então desprendeu-se dele uma derradeira explosão de música. A Lua alva a ouviu, e esqueceu-se do amanhecer, e permaneceu no céu. A rosa rubra a ouviu, e estremeceu de êxtase, e abriu suas pétalas para o ar frio da manhã. O Eco vou-a para sua caverna púrpura nas montanhas, e despertou de seus 
sonhos os pastores adormecidos. A música flutuou por entre os juncos do rio, e eles leva ram sua mensagem até o mar.

"Olha, olha!", exclamou a Roseira, "a rosa está pronta." Porém o Rouxinol não deu resposta, pois jazia morto na grama alta, com o espinho cravado no coração.

E ao meio-dia o Estudante abriu a janela e olhou para fora.

"Ora, mas que sorte extraordinária!", exclamou. "Eis aqui uma rosa vermelha! Nunca vi uma rosa semelhante em toda minha vida. É tão bela que deve ter um nome comprido em latim." E, abaixando-se, colheu-a.

Em seguida, pôs o chapéu e correu até a casa do Professor com a rosa na mão.

A filha do Professor estava sentada à porta, enrolando seda azul num carretel, e seu cãozinho estava deitado a seus pés.

"Disseste que dançarias comigo se eu te trouxesse uma rosa vermelha", disse o Estudante. "Eis aqui a rosa mais vermelha de todo o mundo. Tu a usarás junto ao teu coração, e quando dançarmos ela te dirá quanto te amo."

Porém a moça franziu a testa.

"Creio que não vai combinar com meu vestido", respondeu ela; "e, além disso, o sobrinho do Tesoureiro enviou-me jóias de verdade, e todo mundo sabe que as jóias custam muito mais do que as flores."

"Ora, mas és mesmo uma ingrata", disse o Estudante, zangado, e jogou a rosa na rua; a flor caiu na sarjeta, e uma carroça passou por cima dela.
"Ingrata!", exclamou a moça. "Tu é que és muito mal-educado; e quem és tu? Apenas um Estudante. Ora, creio que não tens sequer fivelas de prata em teus sapatos, como tem o sobrinho do Tesoureiro." E, levantando-se, entrou em casa.

"Que coisa mais tola é o Amor!", disse o Estudante enquanto se afastava. "É bem menos útil que a Lógica, pois nada prova, e fica o tempo todo a nos dizer coisas que não vão acontecer, e fazendo-nos acreditar em coisas que não são verdade. No final das contas, é algo muito pouco prático, e como em nossos tempos ser prático é tudo, vou retomar a Filosofia e estudar Metafísica."

Assim, voltou para seu quarto, pegou um livro grande e poeirento, e começou a ler.


Livro-Texto: WILDE, Oscar. O príncipe feliz e outros Contos.1ª Ed. Ediouro. Rio de Janeiro, 2005.

 Não baixe ou compre livros piratas, faça como eu, compre o Livro! Seu escritor predileto agradece - vivo ou morto.


Eu não sou ninguém, sou Apenas A Libélula. Até a próxima =D

11 agosto 2012

Músicas que você deve ouvir - Parte 1 "Smile - Charlie Chaplin"

     A cada minuto são compostas músicas e mais músicas nesse grande e lindo mundinho.
     Entre milhares delas, nada melhor do que começar com uma música belíssima, composta por um dos maiores gênios da história do cinema mudo: Charlie Chaplin.
   A música foi composta em 1936 para o filme "Moderns Times" (Tempos Modernos) por Chaplin e letrada em 1954 por John Turner e Geoffrey Parsons.
   Vale a pena conferir a letra traduzida:


Sorria

Sorria, embora seu coração esteja doendo
Sorria, mesmo que ele esteja partido
Quando há nuvens no céu,
Você conseguirá...

Se você sorrir
Com seu medo e tristeza
Sorria e talvez amanhã
Você verá o sol brilhando, para você

Ilumine seu rosto com alegria
Esconda qualquer traço de tristeza
Embora uma lágrima possa estar tão próxima
Esse é o tempo que você tem que continuar tentando
Sorria, o que adianta chorar?
Você descobrirá que a vida ainda continua
Se você apenas sorrir

Este é o momento que você tem que continuar tentando
Sorria, de que adianta chorar?
Você descobrirá que a vida ainda continua
Se você apenas sorrir




28 abril 2012

Libélula Indica: Filmes para assistir no Domingo - Parte 1

   Está na hora finalmente de colocar algo realmente útil nesse blog.  Nesse post, indicarei um ótimo filme para se assistir em uma bela tarde de domingo (cof cof).
  O filme é: The Gingerdead Man ( O Biscoito Assassino).
  Este é, com certeza, um dos melhores filmes de terror já produzidos na história do maravilhoso mundo do cinema!
  A história relata um biscoito (sim, um biscoito) que é possuído pela alma de um assassino morto na cadeira elétrica.
 Cá entre nós, não existe nada mais assustador do que um biscoito, não é? 
 Além do roteiro e o contexto serem brilhantes, os efeitos especiais são um show a parte. Se você (sim, você) é fã de grandes produções, não pode deixar de assistir esse belíssimo filme!
  Confira abaixo o trailer (sugiro que dê uma atenção especial à interprete do pequeno biscoito):



P.S.: Este post foi totalmente irônico. Contudo, a autora respeita as preferências de filmes ruins dos leitores. 

P.S.2: Este post ainda não deixa de ser uma indicação de filme. Aproveite!

Eu não sou ninguém, sou Apenas a Libélula

05 março 2012

Fatos que não deveriam acontecer - part.1


Existem certas coisas que realmente não deveriam acontecer com você.

Certa noite - que não convém dizer - eu e alguns amigos resolvemos dar uma volta na cidade.

Usamos o meio mais prático e rápido (atenção nas ironias)existentes no nosso belo Brasil: Transporte Público, conhecido como "busão".

Dessa vez, a viagem no ônibus fora incrivelmente tranquila. Resolvemos então visitar um ponto turístico muito conhecido na cidade. Um local da qual todos os moradores conhecem - exceto um grupo excepcionalmente desligado e mal informado.

Tenho que confessar, moro há 10 anos nessa minha bela cidade. Mesmo assim, não pude lembrar do local exato que ficava o tal ponto turístico.

Mas nada seria impossível! Usamos o meio mais eficaz de localização: Perguntar à primeira pessoa que vermos à nossa frente!

Com minha incrível cara de pau,perguntei a um senhor onde ficava o tal lugar. Ele, gentilmente, me explicou direitinho - e foi muito fácil entender, pois eu estava muito perto do local.

Após a breve explicação eu agradeci. Gentilmente, o homem me perguntou:

- Voces não são daqui não é?

Eu sinceramente pensei em dizer:

- Eu sou sim, moro aqui a 10 anos e não sei onde fica &@#!# nenhuma!

Mas, como eu sou educada e tento ser a melhor pessoa possível desse mundo, tive que mentir e dizer que era uma turista.

Uma total falta de vergonha! Não por mentir, mas pelo fato de são saber onde ficava o ponto mais conhecido da minha cidade!

Isso realmente não deveria acontecer!

Eu não sou ninguém, sou Apenas a Libélula! Até a próxima! =D

Carta aberta ao F.

 Assim como você, eu também não sou a pessoa mais perfeita do mundo. Eu sei que às vezes (ou quase sempre), tenho agido como a pior pessoa.....