“Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração
elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a este artifício
conseguimos suportar o passado.”
Gabriel Garcia Marquez
-
Vamos Belle, é só um patinho.
-Tenho
medo mamãe!
A
pequena garotinha vestia um vestido rodado com várias flores rosa estampadas.
Sua sapatilha branca estava um pouco suja de terra. Ela se segurava na saia de
sua mãe enquanto olhava nervosa para o pato que estava quase na beira do
pequeno lago do parque.
-Vai
Aninha, ele não irá morder você.
Um
homem de aparência jovial falava a uns dois metros de distância da mãe e da
filha. Ele segurava uma antiga máquina fotográfica preta. Seus olhos castanhos
e seu cabelo negro lembravam muito Anabelle. Todos diziam que ela era a cara do
pai.
-Tudo
bem Belle.
Sua
mãe sorridente, de cabelos castanhos claros e levemente encaracolados dizia
enquanto acariciava os cabelos da pequena garotinha.
-Eu
jogo a ração para o patinho.
A
jovem mulher jogou no lago a ração. Mãe e filha admiravam o pato que
rapidamente pegava o alimento com o bico.
-Já
que você não quis tirar uma foto com o patinho, que tal uma foto de nós duas?
Anabelle
sorria de alegria. As duas se viraram para o pai da menina.
-Pronto
Carlos, agora você pode bancar o fotógrafo.
A
mulher sorria para o marido. Era notório o olhar dos dois de apaixonados.
-Digam
“xis”!
-“Xis”!
As
duas falaram em coro. A máquina fotográfica fez o barulho indicando que a foto
acabara de ser batida.
-Papai,
tira uma foto com a gente!
A
garotinha chamava seu pai. Suas bochechas rosadas e um sorriso no rosto que
mostrava uma pequena “janelinha” nos dentes acabaram forçando Carlos a ceder o
pedido da filha. Ele então pediu a um casal de pedestres que passavam naquele
momento que tirassem uma foto da família. O homem com um ar de simpatia,
respondeu que sim e caridoso fotografou pai, mãe e filha, sorridentes, perto do
lago.
- Libélula