05 setembro 2012

O Garoto


     O garoto de rua passava pelas lojas olhando os mais variados artefatos que eram vendidos. Seus pés descalços e sujos já estavam acostumados a andar, não se cansavam tão facilmente. Não mais.
       
     A calçada estava congestionada de gente, mas a presença do garoto era imperceptível. Ele era invisível. Ao menos era isso que os pedestres queriam acreditar. Não queriam vê-lo. Não queriam notá-lo. Não era bom notar uma criança descalça e mal vestida andando pela rua sozinha, sem rumo.
     
    O garoto contava o pouco dinheiro que até então havia conseguindo pedindo esmolas. A sinfonia das moedas em suas mãos foram então substituídas por uma bela melodia que adentrava os ouvidos do pequeno menino. Não foi difícil para ele sentir aquela melodia. Ela entrou em seu coração tão rápido como a flecha de um cupido que atinge os corações de casais apaixonados. 
   
     Na medida em que o garoto caminhava o som parecia ser mais alto e muito mais bonito e envolvente.
   
     Foi então que ele olhou na vitrine de uma loja de eletrodomésticos. Uma grande TV de plasma transmitia as imagens de um concerto de música clássica. Os olhos do garoto brilhavam mais do que a tela da moderna televisão. Ele estava ouvindo a mais bela sinfonia que já ouvira em toda a sua vida.
    
    Ele regia, ele tocava o violino, tocava o piano, tocava a tão bela música que escutava com tanto prazer.
  
    O garoto então já não era mais um garoto. Agora ele estava à frente de uma orquestra, regendo a sinfonia de sua vida.
  
   Agora ele não era mais invisível.
  
   Agora todas as pessoas o viam.
  
  Agora todos o aplaudiam de pé.
                                                             -Libélula

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Carta aberta ao F.

 Assim como você, eu também não sou a pessoa mais perfeita do mundo. Eu sei que às vezes (ou quase sempre), tenho agido como a pior pessoa.....