31 maio 2013

Tomar uma coca-cola com você...

"é ainda mais divertido que ir a São Francisco, La Jolla, Tijuana, Tecate, Ensenada 
ou ter o estômago revirado de enjôo na Madison Avenue em Nova Iorque
em parte porque nesta camisa laranja você me parece um São Francisco melhor mais feliz
em parte por causa do meu amor por você, em parte por causa do seu amor por vodca
em parte por causa das margaridas laranja fluorescente cercando os ipês
em parte por causa do mistério que nossos sorrisos vestem diante de gente e estatuária
é difícil de acreditar quando estou com você que pode haver algo tão imóvel
tão solene tão desagradavelmente definitivo quanto estatuária quando bem em frenteno ar quente das quatro da tarde em Nova Iorque nós vagamos em círculos num vai e vem como uma árvore respirando por suas oftálmicas

e a exposição de retratos parece não ter qualquer rosto, só tinta
você de repente pergunta-se por que diabos alguém deu-se ao trabalho de pintá-los
eu olho você e preferiria olhar você a todos os retratos do planeta com exceção
talvez do Auto-Retrato com corrente de ouro de vez em quando que está no MASP
aonde graças aos céus você nunca foi então podemos ir juntos pela primeira vez
e o fato de que você se move tão lindo resolve mais ou menos o Futurismo
assim como em casa eu nunca penso no Nu Descendo uma Escada ou
num ensaio nalgum desenho do Michelangelo ou Da Vinci que antes me deixava boquiaberto
e de que adianta aos Impressionistas toda a sua pesquisa
quando eles nunca conseguiam a pessoa certa para encostar-se à árvore ao pôr-do-sol
ou a propósito Marino Marini se ele não escolheu o cavaleiro com o mesmo cuidado
que o cavalo
é como se tivessem roubado deles uma experiência maravilhosa que eu não pretendo desperdiçar e é por isso que estou aqui falando tudo isso pra você."
- Frank O'hara

05 maio 2013

Uma carta qualquer


"Querido amigo,

 Primeiramente, peço desculpas por incomodá-lo com esta humilde carta. Mas creio que escrever para você seria o ideal para mim. Gostaria de compartilhar contigo o que eu sei sobre alguém que conheci.
Chamá-lo-ei nesta carta apenas de “R.”, até porque, o nome não importaria a você. Não mais que suas qualidades. Qualidades essas que se tornam mais proeminentes a cada palavra escrita por ele. Sim, se trata de um grande escritor. Não digo que é um grande escritor por escrever Best Sellers ou vender milhões de livros mundo afora. Ouso dizer, que vai muito além. “R” é um grande escritor porque se dedica de corpo e alma naquilo que ele tanto ama.
Pense comigo, muita gente consegue escrever um bom texto, uma boa redação, até mesmo uma boa história. Mas deixar um pedaço de si em simples palavras escritas com tinta... Ah, meu amigo! Isso é para poucos! Acho que esses são os verdadeiros escritores, não é? Aqueles que conseguem nos emocionar e nos deixar envolvidos com aquilo que escrevem. Pois bem, “R” é um desses. Não digo que ele se trata de uma pedra preciosa já lapidada. Acredito até que ele ainda está longe disso – afinal, quem é que já está pronto? -. Mas ele está pelo caminho certo.  Uma pedra assim, não pode ser lapidada tão rapidamente. Pode ser que nesse processo a prejudique um pouco, a machuque, a quebre... Mas no final de tudo, ela estará pronta. Sim, estará!
A propósito, caso você tenha oportunidade de conhecê-lo algum dia, saiba que estará conhecendo um ser humano incrível! Confesso que ele poderá parecer meio “chato” no primeiro momento. Uma questão que logo passará nos primeiros quinze minutos de conversa. Além do mais, “R” é uma pessoa inteligente e iluminada. Talvez ele nem acredite que tenha tantas qualidades assim. Mas se o conhecer melhor, você mesmo verá.
Antes que diga alguma coisa, querido amigo, já lhe peço de antemão que não fique enciumado com o mar de elogios que tenho dado ao “R”. Você também possui essas mesmas qualidades, até porque, o “R” é você.

Cada dia 28 de Março fechará um ciclo de conquistas e objetivos a serem conquistados. Que você conquiste tudo que almeja em todos os anos de sua vida.
Att,
Libélula"

04 maio 2013

Da série: Por que eu não ouvi essa música antes?

 Sabe aquele momento em que você sintoniza uma estação de rádio qualquer e se depara com uma música incrível e se pergunta: Como é que eu nunca ouvi essa música antes?

 Pois é, isso aconteceu comigo.

 Enquanto eu mudava de estação de rádio - algo que costumo fazer compulsivamente - me deparei com uma música que "de cara" me apaixonei. Aquela coisa recíproca: Você ouve a música, a música fala com você e quando menos se espera, "pluft", você está completamente apaixonado pela melodia.

 No mesmo instante que eu ouvia, joguei algumas partes da letra no google e pronto! Encontrei o artista e o nome da música:

 Mumford & Sons - Below my Feet




 Dei uma pesquisada rápida e descobri que se trata de uma banda inglesa, ligada ao folk. Wow! Já foi indicada ao Grammy e ganhou um prêmio Britânico de melhor álbum.  Muita sorte de quem já conhecia essa banda! Agora que conheço, poderei também desfrutá-la, não é?

03 maio 2013

Eu vou te esperar


    - Prometa que voltará.

     Catarina dizia para Edgar. Os olhos profundos e envolventes fitavam o rapaz, já cheio de lágrimas. A frase da garota havia soado como uma flecha cuja ponta se apresentava envenenada, atingindo diretamente o coração dele. Coração... Um coração jovem, que beirava não mais que 23 anos de idade. Um coração cuja dona era Catarina.

    A moça ainda aguardava pela confirmação de Edgar. Agora esse deveria ser o momento em que ele prometeria voltar para ela.

     Edgar repousou a mala escura e pesada no chão da estação de trem. Sua farda de cabo do exército não camuflava a angústia que ele sentia naquele momento. Seu destino era certo. Estava tudo anotado em uma breve convocação. Pegaria o trem das 11:11 da manhã.Seria um dos heróis que partiriam rumo à guerra para defender seu país.

      Ah! A guerra! Sempre a guerra! A guerra que aparece disposta a separar famílias, separar amores... Separar as pessoas. Certamente não existirá um mundo sem guerra. Nossa história faz questão de lembrar isso a todos.

     Mas para Catarina aquilo era injusto. O que ela e o pobre Edgar tinham a ver com questões políticas? Ela simplesmente não entendia.

    A garota apertou ainda mais as mãos de seu amado. Ela esperava o que almejava ouvir.

    - Eu prometo. Voltarei logo.

     Edgar finalmente respondeu. Catarina precisava ouvir aquela frase. Só assim acreditaria.

    O trem já ameaçava partir. Edgar deu um longo beijo em sua amada. Não pronunciaram nem uma palavra sequer. Bastava o olhar. O brilho do olhar deles já desvendava o quanto se amavam.

    Foi insuportável para Catarina ver Edgar entrar no vagão do trem. A sensação para o rapaz foi recíproca. Talvez... Se alguém arrancasse o braço de um dos dois naquele mesmo instante, poderia não fazer diferença. A dor daquela separação era pior.
     
    E vendo o trem partir, Catarina sussurrou para si mesma, “Eu vou te esperar, meu amor”.

     Assim, todos os dias, Catarina ia até a estação de trem. Esperava por Edgar até as 11:11 da manhã. Ele nunca chegava...  “Eu vou te esperar, meu amor”. Catarina dizia para si mesma, todos os dias antes de voltar para casa.
    
     Passaram-se anos e mais anos.

     Catarina já não tinha condições de ir até a estação de trem.

    Sentada na cadeira de balanço, ela admirava a bela manhã. Era primavera.

    Para sua surpresa, uma figura masculina atravessava o portão e caminhava em sua direção. Era Edgar!
Os anos pareciam não ter passado para o rapaz. Catarina pensava em como ele estava incrivelmente bonito naquele momento.

    Edgard se aproximou sorrindo. Ergueu seu braço elegantemente

    - Eu prometi que voltaria.

 A cadeira de balanço já não balançava mais. 
Uma leve brisa corria pela varanda. 
O velho relógio de parede, situado na sala de estar já marcava exatamente 

11:11 da manhã.

                                      - Libélula

Carta aberta ao F.

 Assim como você, eu também não sou a pessoa mais perfeita do mundo. Eu sei que às vezes (ou quase sempre), tenho agido como a pior pessoa.....