24 novembro 2013

Sobrecarregado


Aquele era o momento. Depois, não teria mais volta. Nunca mais...

 Ele estava  certo do que faria. Estava certo que não aconteceria mais nada em sua vida que pudesse mudar sua situação.

- Do jeito que você está encostado nessas grades, parece que quer pular da ponte!

A jovem moça dizia. Intrometida! Preocupada com a vida alheia dos outros! Deveria se preocupar com a vida dela. Se preocupar em ao menos pentear o cabelo ou comprar ração para o cachorro... Poderia ser qualquer coisa, menos se preocupar com o que o rapaz bem vestido fazia perto da grade.

 Se fosse intenção dele pular e se matar, não seria problema dela. Apenas dele.
- Está tudo bem com você?

O rapaz estava calado. Talvez assim a moça se desse conta e o deixasse em paz.
Mas isso não aconteceu.

Ela se aproximou dele. Ficou do seu lado.

Olhou para as águas que se movimentavam e passavam por baixo da ponte.

- Está tudo bem comigo. Obrigado.

Talvez com essa resposta ela o deixasse em paz.

- Mas comigo não. Acho que se eu pular... Talvez resolva.

O rapaz olhou admirado. O tom com que a moça falara parecia sério. Ele poderia pular e deixar que aquelas águas ferozes o levasse para longe. Mas a moça... Ela não precisava de um fim como aquele. Era bonita. Muito bonita!
- Terminei com meu namorado.
- Isso não é motivo para se jogar daqui! Existem pessoas piores que você e estão aí, seguindo a vida. Não pensaram em se matar!

- Como você?

Foi um balde de água fria para o rapaz. Ele querendo dar conselhos "anti-suicídios"?
- O meu caso é diferente....

- Diferente... Diferente como?

O rapaz não acreditava em como aquela moça poderia ser tão impertinente.
- Não importa.
- Tudo bem. Então tá tudo certo para você, não é?Você se mata e tá tudo resolvido, não é?

- Sim... É! - O rapaz respondeu.

A moça o olhou assustada. Até que segurou na mão do rapaz. Como ela poderia fazer isso? Como ela poderia despertar o desejo de vida naquele rapaz assim, de uma hora para outra?

- Vamos tomar um café... Depois você se mata.

Os dois tomaram café em uma lanchonete próxima.

Continuaram tomando café juntos, todos os anos... Até o fim de suas vidas.





09 junho 2013

Mente confusa - No trem

       

          - Com licença.

Ele se sentou na poltrona 33. Em frente à 35.
Sim, 35 é a poltrona que estou sentada... Neste exato momento. Ele é bonito, confesso. Mas parece que não penteia o cabelo. Ou estava apressado demais. Sim, provavelmente estava com pressa. Isso deve justificar o fato dele estar agora mesmo olhando para o reflexo na janela tentando arrumar esse cabelo tão... Bagunçado!
Poxa vida! O que estou fazendo? Melhor eu olhar para a janela antes que ele note que estou reparando nele! Este trem está atrasado... Já deveria estar partindo...

         - Será que vendem comida aqui?
         - Não sei...

Como assim vendem comida? O que ele acha? Isto é um trem, não uma lanchonete! A menos que ele vá até a última estação. Mas seriam apenas 3 horas de viagem.  Acho que ele não almoçou e deve estar com fome.

        - Quer uma?

Bolacha de sal? Ele está louco? Passarei a viagem toda com sede!

       -Não, obrigada.

Será que ele está querendo puxar assunto comigo? Ou só está sendo educado? Por Deus! Já pensou se ele é casado ou comprometido, sei lá... E eu imaginando que ele pode estar dando em cima de mim! Tenho que me controlar. Mas parece que ele não tem nenhuma aliança. Droga! Estou reparando nele de novo! Acho que ele deve ter notado! Tomara que não tenha percebido. Ele está sujando todo o chão com essas bolachas de sal!

       - Vai até a última estação?

Por que ele quer saber? Meu Deus! A boca dele está toda suja de bolacha!

      - Sim.  Vou visitar minha mãe.

Pronto! Daqui a pouco começo a contar da minha vida toda para ele! E eu não deveria ter dado esse sorriso! Vou parecer uma oferecida, desesperada...

      - Eu também vou até a última.  Para visitar também. Não minha mãe, outra pessoa...

Ele desviou o olhar para a janela. Deve estar indo visitar a namorada. Aposto! Mas é claro! Ele percebeu que estou sendo muito oferecida e está fazendo questão que eu perceba que ele já é comprometido. Preciso arrumar isto. Melhor não. Se eu falar estará perfeitamente claro que estou me oferecendo. Vou colocar os fones de ouvido. Ele vai notar que não estou interessada. Que música é essa?

       - Gosta de música?

Que raio de pergunta foi essa? Como ele é estúpido!

        - Ah sim... Gosto.
        - Está ouvindo o que?

Eu não sei o que estou ouvindo!

         - Ouça.

Não acredito que ofereci um dos fones de ouvido para ele! Estou ficando maluca, só pode! Vou desligar...

       - Não estou ouvindo.

       - Ah, acabou a bateria!

Sou muito ridícula!

      - Sem problemas!

Que sorriso lindo! Tenho que olhar pro lado. Estou olhando demais pra ele!

      - A propósito, me chamo Bernardo, prazer em conhecê-la.
      - O prazer é meu.

Prazer? Quê? 
- Não tem nome?

Tenho sim. Sou sua futura esposa.
- Ah sim, meu nome é Midori.

Será que estou sendo muito chata? Ele está olhando para a janela de novo. Deve estar pensando que poderia ter uma pessoa melhor para viajar ao lado dele neste trem. Mas o que eu poderia falar com ele? Economia, política? Ele não tem cara de quem gosta dessas coisas.

       - O céu está bonito hoje.

Alguém me mata, por favor! Estou falando do tempo! Socorro!

        - Verdade. Isso é difícil de acontecer. Oportunidades raras devem ser aproveitadas, não acha?
        -Sim, claro.


Claro? O que estou dizendo? Ele dá uma das cantadas mais ridículas e eu ainda concordo, é isso mesmo? Faltam 2 horas e meia de viagem! Quanto tempo ainda vou aguentar?

 

31 maio 2013

Tomar uma coca-cola com você...

"é ainda mais divertido que ir a São Francisco, La Jolla, Tijuana, Tecate, Ensenada 
ou ter o estômago revirado de enjôo na Madison Avenue em Nova Iorque
em parte porque nesta camisa laranja você me parece um São Francisco melhor mais feliz
em parte por causa do meu amor por você, em parte por causa do seu amor por vodca
em parte por causa das margaridas laranja fluorescente cercando os ipês
em parte por causa do mistério que nossos sorrisos vestem diante de gente e estatuária
é difícil de acreditar quando estou com você que pode haver algo tão imóvel
tão solene tão desagradavelmente definitivo quanto estatuária quando bem em frenteno ar quente das quatro da tarde em Nova Iorque nós vagamos em círculos num vai e vem como uma árvore respirando por suas oftálmicas

e a exposição de retratos parece não ter qualquer rosto, só tinta
você de repente pergunta-se por que diabos alguém deu-se ao trabalho de pintá-los
eu olho você e preferiria olhar você a todos os retratos do planeta com exceção
talvez do Auto-Retrato com corrente de ouro de vez em quando que está no MASP
aonde graças aos céus você nunca foi então podemos ir juntos pela primeira vez
e o fato de que você se move tão lindo resolve mais ou menos o Futurismo
assim como em casa eu nunca penso no Nu Descendo uma Escada ou
num ensaio nalgum desenho do Michelangelo ou Da Vinci que antes me deixava boquiaberto
e de que adianta aos Impressionistas toda a sua pesquisa
quando eles nunca conseguiam a pessoa certa para encostar-se à árvore ao pôr-do-sol
ou a propósito Marino Marini se ele não escolheu o cavaleiro com o mesmo cuidado
que o cavalo
é como se tivessem roubado deles uma experiência maravilhosa que eu não pretendo desperdiçar e é por isso que estou aqui falando tudo isso pra você."
- Frank O'hara

05 maio 2013

Uma carta qualquer


"Querido amigo,

 Primeiramente, peço desculpas por incomodá-lo com esta humilde carta. Mas creio que escrever para você seria o ideal para mim. Gostaria de compartilhar contigo o que eu sei sobre alguém que conheci.
Chamá-lo-ei nesta carta apenas de “R.”, até porque, o nome não importaria a você. Não mais que suas qualidades. Qualidades essas que se tornam mais proeminentes a cada palavra escrita por ele. Sim, se trata de um grande escritor. Não digo que é um grande escritor por escrever Best Sellers ou vender milhões de livros mundo afora. Ouso dizer, que vai muito além. “R” é um grande escritor porque se dedica de corpo e alma naquilo que ele tanto ama.
Pense comigo, muita gente consegue escrever um bom texto, uma boa redação, até mesmo uma boa história. Mas deixar um pedaço de si em simples palavras escritas com tinta... Ah, meu amigo! Isso é para poucos! Acho que esses são os verdadeiros escritores, não é? Aqueles que conseguem nos emocionar e nos deixar envolvidos com aquilo que escrevem. Pois bem, “R” é um desses. Não digo que ele se trata de uma pedra preciosa já lapidada. Acredito até que ele ainda está longe disso – afinal, quem é que já está pronto? -. Mas ele está pelo caminho certo.  Uma pedra assim, não pode ser lapidada tão rapidamente. Pode ser que nesse processo a prejudique um pouco, a machuque, a quebre... Mas no final de tudo, ela estará pronta. Sim, estará!
A propósito, caso você tenha oportunidade de conhecê-lo algum dia, saiba que estará conhecendo um ser humano incrível! Confesso que ele poderá parecer meio “chato” no primeiro momento. Uma questão que logo passará nos primeiros quinze minutos de conversa. Além do mais, “R” é uma pessoa inteligente e iluminada. Talvez ele nem acredite que tenha tantas qualidades assim. Mas se o conhecer melhor, você mesmo verá.
Antes que diga alguma coisa, querido amigo, já lhe peço de antemão que não fique enciumado com o mar de elogios que tenho dado ao “R”. Você também possui essas mesmas qualidades, até porque, o “R” é você.

Cada dia 28 de Março fechará um ciclo de conquistas e objetivos a serem conquistados. Que você conquiste tudo que almeja em todos os anos de sua vida.
Att,
Libélula"

04 maio 2013

Da série: Por que eu não ouvi essa música antes?

 Sabe aquele momento em que você sintoniza uma estação de rádio qualquer e se depara com uma música incrível e se pergunta: Como é que eu nunca ouvi essa música antes?

 Pois é, isso aconteceu comigo.

 Enquanto eu mudava de estação de rádio - algo que costumo fazer compulsivamente - me deparei com uma música que "de cara" me apaixonei. Aquela coisa recíproca: Você ouve a música, a música fala com você e quando menos se espera, "pluft", você está completamente apaixonado pela melodia.

 No mesmo instante que eu ouvia, joguei algumas partes da letra no google e pronto! Encontrei o artista e o nome da música:

 Mumford & Sons - Below my Feet




 Dei uma pesquisada rápida e descobri que se trata de uma banda inglesa, ligada ao folk. Wow! Já foi indicada ao Grammy e ganhou um prêmio Britânico de melhor álbum.  Muita sorte de quem já conhecia essa banda! Agora que conheço, poderei também desfrutá-la, não é?

03 maio 2013

Eu vou te esperar


    - Prometa que voltará.

     Catarina dizia para Edgar. Os olhos profundos e envolventes fitavam o rapaz, já cheio de lágrimas. A frase da garota havia soado como uma flecha cuja ponta se apresentava envenenada, atingindo diretamente o coração dele. Coração... Um coração jovem, que beirava não mais que 23 anos de idade. Um coração cuja dona era Catarina.

    A moça ainda aguardava pela confirmação de Edgar. Agora esse deveria ser o momento em que ele prometeria voltar para ela.

     Edgar repousou a mala escura e pesada no chão da estação de trem. Sua farda de cabo do exército não camuflava a angústia que ele sentia naquele momento. Seu destino era certo. Estava tudo anotado em uma breve convocação. Pegaria o trem das 11:11 da manhã.Seria um dos heróis que partiriam rumo à guerra para defender seu país.

      Ah! A guerra! Sempre a guerra! A guerra que aparece disposta a separar famílias, separar amores... Separar as pessoas. Certamente não existirá um mundo sem guerra. Nossa história faz questão de lembrar isso a todos.

     Mas para Catarina aquilo era injusto. O que ela e o pobre Edgar tinham a ver com questões políticas? Ela simplesmente não entendia.

    A garota apertou ainda mais as mãos de seu amado. Ela esperava o que almejava ouvir.

    - Eu prometo. Voltarei logo.

     Edgar finalmente respondeu. Catarina precisava ouvir aquela frase. Só assim acreditaria.

    O trem já ameaçava partir. Edgar deu um longo beijo em sua amada. Não pronunciaram nem uma palavra sequer. Bastava o olhar. O brilho do olhar deles já desvendava o quanto se amavam.

    Foi insuportável para Catarina ver Edgar entrar no vagão do trem. A sensação para o rapaz foi recíproca. Talvez... Se alguém arrancasse o braço de um dos dois naquele mesmo instante, poderia não fazer diferença. A dor daquela separação era pior.
     
    E vendo o trem partir, Catarina sussurrou para si mesma, “Eu vou te esperar, meu amor”.

     Assim, todos os dias, Catarina ia até a estação de trem. Esperava por Edgar até as 11:11 da manhã. Ele nunca chegava...  “Eu vou te esperar, meu amor”. Catarina dizia para si mesma, todos os dias antes de voltar para casa.
    
     Passaram-se anos e mais anos.

     Catarina já não tinha condições de ir até a estação de trem.

    Sentada na cadeira de balanço, ela admirava a bela manhã. Era primavera.

    Para sua surpresa, uma figura masculina atravessava o portão e caminhava em sua direção. Era Edgar!
Os anos pareciam não ter passado para o rapaz. Catarina pensava em como ele estava incrivelmente bonito naquele momento.

    Edgard se aproximou sorrindo. Ergueu seu braço elegantemente

    - Eu prometi que voltaria.

 A cadeira de balanço já não balançava mais. 
Uma leve brisa corria pela varanda. 
O velho relógio de parede, situado na sala de estar já marcava exatamente 

11:11 da manhã.

                                      - Libélula

26 abril 2013

Refletindo com música

  Estava navegando livremente nas profundas e imensas águas do canal youtube. Até que me deparei com uma música: Hurt - Jhonny Cash. (1932-2003)

 Algo plausível e que eu realmente gostaria de deixar em minha memória virtual, ou seja, meu blog.
  A letra é intensa e envolvente. Quem prestar atenção na letra - e nas imagens também - poderá notar que a música fala da vida, do tempo que passou, dos arrependimentos, das conquistas, do que poderia ter feito ou ter deixado de fazer.


  Então, vamos aproveitar esta linda música (e a vida)!


23 abril 2013

Só palavras

 E eu olhei para o chão
      Me perguntei para onde ele me levaria

                                              Levar?
                                                     Não é ele que me carrega.

EU ME CARREGO
         Com meus próprios pés

                                         E o chão?
                                                Ele é só meu porto seguro.

Eu sei que se eu pisar nele, estarei segura.
ISSO JÁ BASTA

                                                                                           De resto, eu terei que me carregar.

                      O chão já faz o seu papel.

                                              Ele me segura.
                                                  Por ele posso ir pelo caminho que EU DESEJAR

Mas aí, terei que andar com meus próprios pés.

SIM.

                           Eu já tenho um APOIO
                                                                                                   De resto...


Só depende de mim.

19 janeiro 2013

Incentivo


 Eu estava até esse instante pensando sobre o que escreveria no meu primeiro post de 2013.

 São tantos assuntos...

 Então resolvi escrever sobre a vida. Sim, eu sei que parece clichê demais.

Mas como a vida é... Dura!

Nascemos e crescemos sendo pressionados a sempre fazer o melhor. Às vezes, exigem tanto de nós, que 
nossa única vontade é sair gritando por aí, sem destino.

O pior é quando aparecem aquelas pessoas...

Aquelas que dizem que não somos capazes de nada.

Aquelas que dizem que não sabemos fazer isso ou aquilo

Aquelas que dizem que o que sonhamos é algo impossível... Que estaríamos sendo loucos e burros ao pensar que poderíamos alcançar...

Pobres pessoas!

O chato de tudo isso, é que essas palavras acabam nos afetando.

Acabamos acreditando e achando que realmente não somos capazes de nada!

Mas como somos idiotas!

Quem disse que não somos capazes?

Se eu disse que sou capaz, então serei capaz!

Se eu disser que posso ser um astronauta... Bem, é meio complicado. Mas quem sabe? Se eu me esforçar nisso, sim eu serei!

A vida é cruel. Ah! A vida é extremamente cruel!

Mas acha que deveríamos fazer disso um obstáculo?

Acha que o certo é dizer: Minha vida é essa droga mesmo. Não tem como mudar.

Se você acha, tenho que lhe dizer: Você está totalmente enganado!

Podemos muito bem mostrar a todos que temos força de vontade.

Não somos apenas  simples pessoas que nascemos e morreremos como um nada.

Não mesmo!

Deixe quem desacredita em você, continuar desacreditando. Quem precisa de pessoas assim?

Você só precisa acreditar em si mesmo. Apenas isso.

Se alguém falar que você não é capaz, não diga nada. Apenas mostre que você é!

Eu não sou ninguém, apenas acredito na minha capacidade.
Até a próxima =D

Carta aberta ao F.

 Assim como você, eu também não sou a pessoa mais perfeita do mundo. Eu sei que às vezes (ou quase sempre), tenho agido como a pior pessoa.....