- Prometa que voltará.
Catarina dizia para Edgar. Os olhos profundos e envolventes
fitavam o rapaz, já cheio de lágrimas. A frase da garota havia soado como uma
flecha cuja ponta se apresentava envenenada, atingindo diretamente o coração
dele. Coração... Um coração jovem, que beirava não mais que 23 anos de
idade. Um coração cuja dona era Catarina.
A moça ainda aguardava pela confirmação de Edgar. Agora esse
deveria ser o momento em que ele prometeria voltar para ela.
Edgar repousou a mala escura e pesada no chão da estação de
trem. Sua farda de cabo do exército não camuflava a angústia que ele sentia
naquele momento. Seu destino era certo. Estava tudo anotado em uma breve
convocação. Pegaria o trem das 11:11 da manhã.Seria um dos heróis que
partiriam rumo à guerra para defender seu país.
Ah! A guerra! Sempre a guerra! A guerra que aparece disposta
a separar famílias, separar amores... Separar as pessoas. Certamente não
existirá um mundo sem guerra. Nossa história faz questão de lembrar isso a todos.
Mas para Catarina aquilo era injusto. O que ela e o pobre
Edgar tinham a ver com questões políticas? Ela simplesmente não entendia.
A garota apertou ainda mais as mãos de seu amado. Ela
esperava o que almejava ouvir.
- Eu prometo. Voltarei logo.
Edgar finalmente respondeu. Catarina precisava ouvir aquela
frase. Só assim acreditaria.
O trem já ameaçava partir. Edgar deu um longo beijo em sua
amada. Não pronunciaram nem uma palavra sequer. Bastava o olhar. O brilho do
olhar deles já desvendava o quanto se amavam.
Foi insuportável para Catarina ver Edgar entrar no vagão do
trem. A sensação para o rapaz foi recíproca. Talvez... Se alguém arrancasse o
braço de um dos dois naquele mesmo instante, poderia não fazer diferença. A dor
daquela separação era pior.
E vendo o trem partir, Catarina sussurrou para si mesma, “Eu
vou te esperar, meu amor”.
Assim, todos os dias, Catarina ia até a estação de trem.
Esperava por Edgar até as 11:11 da manhã. Ele nunca chegava... “Eu vou te esperar, meu amor”. Catarina dizia
para si mesma, todos os dias antes de voltar para casa.
Passaram-se anos e mais anos.
Catarina já não tinha condições de ir até a estação de trem.
Sentada na cadeira de balanço, ela admirava a bela manhã.
Era primavera.
Para sua surpresa, uma figura masculina atravessava o portão
e caminhava em sua direção. Era Edgar!
Os anos pareciam não ter passado para o rapaz. Catarina
pensava em como ele estava incrivelmente bonito naquele momento.
Edgard se aproximou sorrindo. Ergueu seu braço elegantemente
- Eu prometi que voltaria.
A cadeira de balanço já não balançava mais.
Uma leve brisa
corria pela varanda.
O velho relógio de parede, situado na sala de estar já
marcava exatamente
11:11 da manhã.
- Libélula
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