03 maio 2013

Eu vou te esperar


    - Prometa que voltará.

     Catarina dizia para Edgar. Os olhos profundos e envolventes fitavam o rapaz, já cheio de lágrimas. A frase da garota havia soado como uma flecha cuja ponta se apresentava envenenada, atingindo diretamente o coração dele. Coração... Um coração jovem, que beirava não mais que 23 anos de idade. Um coração cuja dona era Catarina.

    A moça ainda aguardava pela confirmação de Edgar. Agora esse deveria ser o momento em que ele prometeria voltar para ela.

     Edgar repousou a mala escura e pesada no chão da estação de trem. Sua farda de cabo do exército não camuflava a angústia que ele sentia naquele momento. Seu destino era certo. Estava tudo anotado em uma breve convocação. Pegaria o trem das 11:11 da manhã.Seria um dos heróis que partiriam rumo à guerra para defender seu país.

      Ah! A guerra! Sempre a guerra! A guerra que aparece disposta a separar famílias, separar amores... Separar as pessoas. Certamente não existirá um mundo sem guerra. Nossa história faz questão de lembrar isso a todos.

     Mas para Catarina aquilo era injusto. O que ela e o pobre Edgar tinham a ver com questões políticas? Ela simplesmente não entendia.

    A garota apertou ainda mais as mãos de seu amado. Ela esperava o que almejava ouvir.

    - Eu prometo. Voltarei logo.

     Edgar finalmente respondeu. Catarina precisava ouvir aquela frase. Só assim acreditaria.

    O trem já ameaçava partir. Edgar deu um longo beijo em sua amada. Não pronunciaram nem uma palavra sequer. Bastava o olhar. O brilho do olhar deles já desvendava o quanto se amavam.

    Foi insuportável para Catarina ver Edgar entrar no vagão do trem. A sensação para o rapaz foi recíproca. Talvez... Se alguém arrancasse o braço de um dos dois naquele mesmo instante, poderia não fazer diferença. A dor daquela separação era pior.
     
    E vendo o trem partir, Catarina sussurrou para si mesma, “Eu vou te esperar, meu amor”.

     Assim, todos os dias, Catarina ia até a estação de trem. Esperava por Edgar até as 11:11 da manhã. Ele nunca chegava...  “Eu vou te esperar, meu amor”. Catarina dizia para si mesma, todos os dias antes de voltar para casa.
    
     Passaram-se anos e mais anos.

     Catarina já não tinha condições de ir até a estação de trem.

    Sentada na cadeira de balanço, ela admirava a bela manhã. Era primavera.

    Para sua surpresa, uma figura masculina atravessava o portão e caminhava em sua direção. Era Edgar!
Os anos pareciam não ter passado para o rapaz. Catarina pensava em como ele estava incrivelmente bonito naquele momento.

    Edgard se aproximou sorrindo. Ergueu seu braço elegantemente

    - Eu prometi que voltaria.

 A cadeira de balanço já não balançava mais. 
Uma leve brisa corria pela varanda. 
O velho relógio de parede, situado na sala de estar já marcava exatamente 

11:11 da manhã.

                                      - Libélula

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Carta aberta ao F.

 Assim como você, eu também não sou a pessoa mais perfeita do mundo. Eu sei que às vezes (ou quase sempre), tenho agido como a pior pessoa.....